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  • Foto do escritorLetícia Barros

80’s Vitor Penido

A maior obra do homem reside em construir um legado que resulte gratidão


A vida pode ser resumida em meses, dias e horas? Caso seja essa a régua, ele é um homem que experimentou pelo menos 29.200 noites, tardes e manhãs. Mas, com o perdão da palavra, a frieza dos números revelam a “curteza” da existência, uma realidade imprópria para a espécie humana que, no íntimo, sente-se “desde sempre e para sempre”. Talvez porque o valor da vida não tenha limites, apesar de o tempo ousar limitá-la. Olha que o assunto a ser abordado se refere a um senhor que completou 80 anos, uma idade considerada longeva. Porém, não é sobre a soma das idades, é sobre as marcas provocadas por um ser extraordinário.


Pode chamar de coronel

Vitor Penido de Barros, ao completar oito décadas, fecha um ciclo segurando nas mãos o troféu inspiração. Essa personalidade é conhecida e admirada por crianças, jovens, adultos e idosos. A vida dele repercute, inspira e causa burburinho. Não passa despercebido, entre amigos e ou desgostosos com ele. Mas, até quanto às pessoas que o desaprovam – a vida política tem dessas coisas – o homem público não guarda rancor, faz parte do ofício. “Não gosto é de gente bandida, sem caráter. Respeito e trabalho bem feito são atributos dos quais não abro mão”, conta. Pode chamar de coronel, a opinião infundada de alguns, não formaram barreiras reais. Vitor tinha um propósito, ponto final.


Vida simples

Pensar que o senhor de cabelos bem brancos de agora... o qual, por onde passa, as portas se abrem com respeito - antes - jogava bola com as crianças da rua, em sua humilde infância à Avenida Rio Branco (NL), descalço, fazendo gol e correria e, que, inclusive, ainda muito jovem fundou o time de futebol Olímpico Esporte Clube, onde descobriu as habilidades administrativas. Um líder nato lapidado durante a trajetória, a qual, apesar de concreta e estabelecida, teve seu início lúdico... em política?


Sim. Ele não se lembra da cena, mas, ainda criança, em cima do fogão de lenha, em casa, fazia discurso, afirmando que um dia seria presidente do Brasil. Simples, mas, inteligente e determinado. Hoje, anda de cabeça erguida, não por soberba, mas por honra. Mesmo que muitos confundam firmeza de caráter com dureza de coração, Vitor é uma alma grandiosa. Não tem “não me toques”, apreciador de comida mineira mesmo, sem requintes, e admirador de um bom samba, vive de trabalho e de gente, de ver gente melhorar, andar para frente. “Tem funcionários que estão comigo há 30 anos. Somos uma família. Ter a incumbência de gerar condições de sustento e vida é uma alegria que não tem tamanho para mim”, destaca o empresário que viaja, semanalmente, 600 quilômetros para gerir os negócios, sem descanso, sem passeio.


Linha do tempo

Nascido em 1942, em 26 de junho, em meio a uma Guerra Mundial e num Brasil considerado provincial, Vitor era o único menino, guardião de cinco irmãs, filhos de Carmelita e José Bernardo de Barros, proprietários do Armazém do Zé Venerano, à Avenida Rio Branco. Quando Vitor tinha 12 anos, o negócio do pai quebrou, e, sendo o único filho homem, logo foi arrumar um emprego. “Meu pai foi trabalhar em outra cidade e eu fui ser caixeiro da Casa Aristides. Fiquei um mês vendendo arroz, feijão e farinha, mas meu pai voltou logo e passei a ajudá-lo no Rancho Alegre, um bar que ele comprou ali atrás da Igreja Nossa Senhora do Pilar”, lembra.


Aos 14 anos foi contratado pela Morro Velho para ser office boy e quatro anos depois passou em um concurso para ser bancário do Banco Mercantil de Nova Lima. “Convivi com profissionais sérios, íntegros e objetivos. O contato com a cultura dos ingleses, tão diferente, foi quase que uma escola para mim. Apesar de certa separação e distância que existia, havia muito respeito, carinho e compromisso com as obrigações e horários. No banco, outro marco, a melhor escola de todas. O trabalho exigia muita concentração e raciocínio, o que me forçou a ter maior rapidez na forma de pensar, raciocinar e tomar decisões assertivas”, lembra.


No segundo ano de trabalho no banco, Vitor Penido teve a oportunidade de comprar um fundo de galpão, em frente ao banco Mercantil, à Rua Santa Cruz, onde montou uma distribuidora de gás, o Minas Gás, tornando-se bancário e microempresário ao mesmo tempo. Em pouco tempo Vitor construiu uma rede de lojas de móveis e eletrodomésticos, a Vitan, e aos 28 anos possuía filiais em Raposos, Sabará e Pedro Leopoldo.


Nesse período, assim como na infância, se tornou presidente de um clube de futebol, mas dessa vez, com proporções e resultados bem maiores. Vitor Penido se tornou presidente do Villa Nova em 1970 e levou o time a ser conhecido no Brasil. “Na época, o presidente do Villa não recebia salário e a gente tinha que negociar passes e usar muita criatividade para manter o time. Assim, cheguei a vender o passe de um jogador, o Búfalo Gil, para o Fluminense e depois, ele foi convocado para Seleção Brasileira”, conta.


Pilar da modernidade

Em seu último ano na presidência do Villa Nova, Vitor, junto ao Dr. Sebastião Fabiano, fundou um partido político chamado Movimento Democrático Brasileiro, o MDB, e foi destacado para ser candidato a prefeito de Nova Lima, ganhando as eleições de 1977. “Fiquei na prefeitura até 1982 e diziam que eu era - um jovem para resolver os velhos problemas da cidade. Nova Lima não tinha água tratada, não tinha prédio para prefeitura e nem Câmara Municipal. O hospital público passava por dificuldades e tínhamos um dentista e três médicos para atender a população. A cidade não tinha rodoviária, esgoto canalizado, e nem energia elétrica em Honório Bicalho, Bela Fama e Santa Rita, por exemplo. Construímos escolas em todos os lugares que necessitavam. Transformamos Nova Lima e quando saí da prefeitura, tinha 92% de aprovação do mandato”, lembra.


Em 1986, Vitor foi eleito como Deputado Estadual e em 89 ganhou as eleições municipais de Nova Lima, ficando na prefeitura até 92. “Esse foi um período em que muitas obras foram feitas na cidade. Canalizamos o Ribeirão dos Cristais, ampliamos serviços médicos e odontológicos, e algumas pessoas comentavam, de forma maldosa, que na época, teria sido o homem do asfalto e do concreto. Eu era sim, o homem do asfalto para pavimentar as ruas e para duplicar rodovia. Era o homem do concreto para construir as escolas, canalizar o esgoto, para fazer trincheiras e melhorar a infraestrutura da cidade, isso para gerar emprego e renda, saúde e educação. É só comparar o que foi feito na época em que eu era prefeito de Nova Lima, com a pouca arrecadação que a prefeitura tinha”, explica Vitor.


A trajetória de Vitor Penido seguiu e, em 1994, foi candidato a vice-governador de Minas Gerais, junto a Hélio Costa, mas perdeu no segundo turno, porém, em 96 retornou à prefeitura de Nova Lima, saindo em 2004. No ano de 2006, Vitor foi eleito deputado federal. “Política passou a ser um negócio no Brasil e alguns grupos tomam esse direito, que é público, como um patrimônio particular, e para conseguir entrar no poder acabam fazendo negociatas com algo que pertence ao povo. Hoje, eu lamento que grande parte das pessoas que estão no poder utilizem a máquina política fazendo ameaças, comprando votos, perseguindo e fazendo negociatas, coisa que eu nunca fiz na minha vida”, explica.


Imediatista e superficial, dois comportamentos que nem de longe fazem parte da postura do Vitor, apesar de focado em resultados. A experiência obtida pelo político, em 89, na Alemanha, por exemplo, durante um encontro de prefeitos, serviu como base para inúmeras decisões e direcionamentos tomados na carreira. “O patriotismo alemão, a civilidade e o investimento pesado em educação de base, infantil e juvenil, me deram uma direção assertiva em gestão. Essa experiência transcultural procurei aplicar durante toda a carreira política, mesmo que muitas vezes eu fosse incompreendido”, comenta.


O último mandato

Vitor responde à pergunta sobre uma futura candidatura de forma incisiva. “Não tenho planos para disputar eleições”. O motivo? Não são os cabelos brancos. Ele cultiva sonhos e objetivos em longo prazo, mas, ligados ao compartilhamento da experiência como gestor público. “Retornei à prefeitura por amor a cidade. Nova Lima ficou nas mãos de pessoas que a destruíram. Para reerguer o município, tivemos que tomar atitudes impopulares, sob muita crítica. Depois, o resultado veio. Educação, Saúde, Cultura, Infraestrutura, Assistência e Desenvolvimento Social, tudo em excelente funcionamento. O trabalho foi grande e intenso, sendo que quatro anos depois, o regime volta ao zero. A descontinuidade das coisas acontecem, uma pena”, pontua.


A crítica, não às pessoas ou nomes específicos, é na verdade, sobre uma vivência política em que a população ainda não entendeu o poder do voto. “É preciso eleger a pessoa capacitada e íntegra, que trabalha com uma equipe alinhada com esse propósito. Após as eleições, a população, em peso, precisa continuar atuante, acompanhando a gestão e brigando para que os bons projetos continuem. Eleger outro nome para prefeito, governador ou presidente, não deve desfazer o trabalho anterior. Pelo contrário, é direito da população que bom projeto permaneça e seja aprimorado. O contrário disso é politicagem”, frisa.


Em ano de eleição, observador do cenário político brasileiro e conhecedor da história da gestão pública nacional, Vitor é defensor de eleições separadas, Legislativo e Executivo, seja municipal, estadual ou federal. Como essa não é a realidade do momento, e baseado na lógica da continuidade do trabalho bem feito, o político acredita que o Brasil e Minas Gerais precisam continuar com a configuração atual no Executivo. “O país, mesmo com todos os percalços, como a pandemia e a guerra na Ucrânia, eventos que impactam o mundo, está sendo muito bem dirigido, devido à postura firme, moral e inteligente do presidente e de sua equipe. Em Minas, não é diferente. Saímos de um estado endividado, para uma região que volta a crescer”, pontua.


Já, para deputado estadual, o ex-prefeito faz questão de frisar. “Wesley de Jesus é o meu candidato, sem dúvida alguma”, pré-candidato pelo Partido Progressista (PP). A afirmação vem de uma longa história de amizade e trabalho juntos. Mesmo pertencendo a gerações distantes uma da outra, Vitor e Wesley têm afinidades e caminhos parecidos, explica o político. “Wesley é uma pessoa inteligente, íntegra, capacitada e lutadora. Acredito que essas foram as principais características que me chamaram a atenção quando o conheci. Mesmo de partidos opostos, na época, acabamos compreendendo que tínhamos objetivos e valores comuns, o que gerou essa relação de confiança”, lembra Vitor.


Outro nome citado pelo ex-prefeito foi o da pré-candidata a deputada federal Viviane Matos (União Brasil). Atual vereadora de Nova Lima, eleita em 2020, a política conquistou a confiança de Vitor pela atuação como Secretária Municipal de Educação durante o último mandato dele como prefeito. Apesar de não pretender cargo político, a influência de Penido continua a evidenciar personalidades.


Gratidão: o livro da verdade

Um grupo de amigos, de longa data, sentiu a necessidade de homenagear o mestre pela trajetória de vida. Sim. Memoráveis 80 anos, motivo de celebração para todo ser humano que alcança essa façanha. Mas, em não se tratando de números, a inspiração foi além. Com o auxílio da esposa e filhos, o grupo organizou mais de 100 depoimentos de pessoas que tiveram contato próximo com Vitor Penido nessa estrada da vida. Imagine, mais de uma centena de corações abertos para escrever seu nome, em uma homenagem repleta de histórias marcantes. Não acontece da noite para o dia, tem que ser consistente.


O livro Palavras de Gratidão – Um homem, uma cidade, da editora 7A, é a prova cabal da popularidade de Vitor Penido de Barros. O presente foi entregue ao político durante uma festa surpresa de aniversário, em junho. Um evento íntimo, que reuniu a família e amigos próximos. “A gente acaba sacrificando muitas situações pessoais em prol da gestão pública, para um bem comum. O tempo com a família é uma delas. Mas, sempre encontrei apoio, eles são minha prioridade, são o que realmente importa para mim. Esse livro, realizado por minha esposa e filhos, amigos e companheiros de jornada... significa muito, só tenho a agradecer. Ainda vou ligar, de um por um, para agradecer o carinho”, finalizou Vitor com um tom de alegria e profunda gratidão. Sim, quando vale a pena, esse é o sentimento de permanece à sua volta.

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