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  • Foto do escritorLetícia Barros

Centro de Hemodinâmica cancelado

Atualizado: 21 de mar. de 2022


Prefeitura de Nova Lima descarta unidade de especialidades cardíacas que seria implementada em anexo da FHNSL. Ainda não há diretrizes novas para o espaço

Você já pensou em ter acesso a um centro diagnóstico, de última geração, cuja função é detectar problemas cardíacos que, se não tratados, levam à morte por infarto fulminante? Imagine então, a suposta unidade ser oferecida pelo SUS, dentro do Hospital Nossa Senhora de Lourdes (FHNSL), ou seja, com atendimento gratuito a toda população. Bem, o centro de hemodinâmica, unidade de saúde que abriga esse tipo de exame, não se tornou realidade em Nova Lima porque a iniciativa foi cancelada pela prefeitura, em 2021.




Entenda o caso

Em 2019, a gestão do governo Vitor Penido liberou verba de R$ 2,4 milhões, para a construção do prédio anexo da FHNSL, com a finalidade de erguer a unidade e instalar o centro de hemodinâmica. No final do mandato, restavam alguns ajustes à obra, a qual, agora, está pronta. Os equipamentos, modernos, seriam fornecidos por comodato (sem custo real), e a manutenção da unidade, cerca de R$ 100 mil, mensal, de responsabilidade do município à princípio. “Uma quantia que não onera a cidade, muito pelo contrário, acrescenta qualidade em saúde. Nova Lima seria referência no setor”, explica Vitor Penido.


Quando foi lançado, o projeto não cabia no orçamento público destinado ao Hospital Nossa Senhora de Lourdes, já que era preciso erguer as dependências do centro. No entanto, o Executivo criou um projeto de lei para garantir o recurso necessário. “Em 2020, a Câmara Municipal aprovou a verba suplementar para o hospital e a obra foi realizada, mas, o meu vice-prefeito, João Marcelo, que tinha o compromisso de dar continuidade ao trabalho, e não criar obras eleitoreiras, tomou uma atitude que, a meu ver, desmerece, principalmente, a população mais pobre de Nova Lima”, pondera Vitor.


FHNSL em 2020

O estudo de hemodinâmica disponibilizado pela FHNSL à prefeitura, em junho de 2020, mostra a quantidade de casos atendidos na unidade no período de dezembro de 2017 a novembro de 2018, sendo a média de 17 casos por mês; 06 deles de cateterismo, 11 angioplastia e outros. Os gastos com cirurgia cardiovascular intervencionista e cateterismo, que seriam resolvidos no centro de hemodinâmica, somaram mais de R$ 283 mil/ano, sem mencionar outras ocorrências de ordem cardiovasculares, num montante de mais de R$ 1.044,80 milhão, conforme mostram as tabelas:


1) casos em Nova Lima




1) Custo



Fortalecimento das especialidades médicas

Segundo o ex-secretário municipal de Saúde, José Roberto, em Minas Gerais, e seguindo a tendência observada em todo o Brasil e no mundo, as doenças do aparelho cardiovascular correspondem à principal causa de óbitos definidos. No Brasil, de acordo com levantamento do Datasus, as doenças do aparelho circulatório aparecem em 1º lugar, com 356.178 mortes, em 2018. Destas, as mais comuns são as arteriais, cerebrovasculares e hipertensivas, além do infarto agudo do miocárdio.

Para o ex-secretário, que participou da articulação para implantação do centro de hemodinâmica em Nova Lima, o cancelamento da unidade, principalmente diante da falta de direcionamento para o prédio, já construído, é um retrocesso. “Deixamos atendimento básico em saúde de Nova Lima funcionando muito bem, era hora de investir em exames especializados, que é o caso da hemodinâmica, um aparelho público capaz de salvar muitas vidas e atrair clientes de muitas outras cidades. Uma pena, o atual governo cancelar o projeto”, comenta.



“Equívoco e omissão”

O criador do projeto em Nova Lima foi o cardiologista Dr. João Carlos Belo Lisboa Dias, com apoio da câmara e do então prefeito, Vitor Penido. Ele apresentou a viabilidade de sustentação da hemodinâmica que, segundo o cardiologista, é lucrativa, nunca onerosa. “É um equívoco e uma omissão do poder público e do conselho de saúde de Nova Lima em relação a uma triste realidade mundial, nacional e municipal que é a morte por infarto agudo do miocárdio. 30% dos óbitos no planeta têm essa causa. Uma condição comprovada em trabalhos científicos dos últimos 20 anos”, frisou.


À mercê de vaga

O médico lembra que a cidade teve atendimento cardiológico, inclusive, cirúrgico pelo SUS, quando o ex-prefeito Dr. Sebastião Fabiano trouxe para Nova Lima o Biocor. Em contrapartida, a contratação era de mão de obra local, além do atendimento integral dos casos cardiológicos da cidade, uma situação que aconteceu de 1986 até o ano 2000. “Agora, a população de Nova Lima, Rio Acima e Raposos fica lançada à própria sorte. Em situação de infarto, a pessoa é colocada dentro de uma ambulância e levada a Belo Horizonte. Se tiver vaga, ela é atendida. Caso não haja, o paciente corre risco de morte, pois o tratamento moderno do caso é a angioplastia primária, nos primeiros 120 minutos, à partir do início do evento”, explica.


Politização

O cardiologista explicou, também, que os profissionais que atuariam no serviço de hemodinâmica e cirurgia seriam pagos por meio de tabelas do SUS e dos convênios que a FHNSL faria. “Conseguimos a doação do aparelho de hemodinâmica no valor aproximado de 1,5 milhão de dólares. Diante de todo trabalho e dos benefícios que o projeto traria para cidade, só posso entender que houve certa politização da coisa toda, criando-se inúmeras desculpas para cancelar a iniciativa, apenas por pertencer ao governo anterior”, finalizou.


Parecer técnico 2021

A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Lima, em junho de 2021, na gestão do prefeito João Marcelo, contratou uma empresa para realizar um parecer técnico de viabilidade para implantação da hemodinâmica em Nova Lima. A Case Consultoria defendeu que “pelo pequeno volume de procedimentos cardiológicos demandados pela população de Nova Lima, o (*sic) HNSL teria uma equipe bastante ociosa, sendo custeada pelo município, sendo o nosso parecer de viabilidade técnica desfavorável”, (pag. 30).


No parecer, foi ressaltado que a decisão final é arbitrária ao gestor municipal, em atenção as suas atribuições e competências instituídas no SUS e legislação do município de Nova Lima. Portanto, para entender melhor o assunto, o Rede Nova Lima entrou em contato com a prefeitura, principalmente para saber o número de pessoas acometidas por doenças cardiovasculares na cidade, para onde os pacientes cardíacos são direcionados quando precisam de exames de alta complexidade e por que a implementação da hemodinâmica na FHNSL foi interrompida e descartada nesta gestão.


A prefeitura respondeu que as doenças cardiovasculares são um grupo que abrange várias doenças do coração e dos vasos sanguíneos. Não é possível mensurar o número exato de pessoas acometidas por elas, uma vez que nem todas buscam atendimento no SUS, outras sequer buscam atendimento em qualquer rede saúde, seja pública ou privada. Contudo, segundo a prefeitura no município, as doenças respiratórias têm mais representatividade em termos de motivos de internação na FHNSL, do que doenças cardiovasculares.


Ainda de acordo com a prefeitura, o valor repassado à instituição para realização de toda a obra foi de R$ 2.004.677,44, sendo que o município discute, junto à direção do hospital e do Conselho de Saúde do município, a destinação do prédio anexo. O Rede Nova Lima procurou tanto a FHNSL, quanto o conselho, os dois preferiram dar voz à prefeitura para responder por eles. A direção do hospital não permitiu a entrada da imprensa no local onde foi construído o anexo que seria para hemodinâmica.


Votação

Outra pergunta sobre o caso envolve a Câmara Municipal da cidade, pois o órgão aprovou, na gestão passada, a verba suplementar para erguer o edifício. A câmara entendeu que o serviço especializado se tornaria um centro de referência para RMBH, atendendo a demanda de outras cidades. No entanto, o custo não ficaria para o município, pois, em seis meses ou um ano, o centro seria financiado pelo SUS. Ou seja, o gasto para o município seria o prédio e um ano de atenção por meio de recursos, cerca de R$ 50 mil/mês. Então, a questão: é legal desfazer o efeito de uma verba votada em plenário?

De acordo com a vereadora Viviane Mattos, o legislativo municipal atual não pôde interferir na situação, ainda que tenha buscado caminhos de diálogo junto ao Executivo e levado pedidos do clamor popular no sentido de ter o atendimento na cidade. “A verba foi aprovada na gestão anterior. Agora, a implementação da hemodinâmica, ou não, cabe ao hospital e à prefeitura, sob o olhar atento do Conselho de Saúde”, explicou Viviane.




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Pesquisas associadas

De acordo com o Datasus, a maior taxa de mortalidade no ano de 2019, em Nova Lima, foi de neoplasias malignas com 109 óbitos/ano. Em 6ª posição, as doenças isquêmicas do coração e, em 7ª, outras formas de doença do coração, com respectivamente 27 e 26 óbitos/ano. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares representam as principais causas de mortes. Cerca de 300 mil indivíduos, por ano, sofrem Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), ocorrendo óbito em 30% deles. Estima-se que até 2040, haverá aumento de até 250% desses eventos no país.


Ainda, as últimas pesquisas da Sociedade Brasileira de Cardiologia mostram que quatro em cada dez adultos sofrem, comprovadamente, com o nível de colesterol elevado, o equivalente a cerca de 18,4 milhões de pessoas, que correm o risco de ter algum problema agudo.


Serviços que seriam prestados na hemodinâmica

A hemodinâmica estuda de maneira mais aprofundada a especialidade de cardiologia, para avaliar o estado circulatório das artérias coronarianas. Como exame, ela identifica possíveis obstruções das artérias coronárias ou avalia o funcionamento das válvulas e do músculo cardíaco. O exame de hemodinâmica geralmente é solicitado com a finalidade de diagnosticar o estado da circulação das artérias coronarianas, identificar a possibilidade de um infarto agudo do miocárdio ou determinar a exata localização da obstrução que está causando um infarto já estabelecido. As técnicas utilizadas são minimamente invasivas e oferecem dados funcionais e anatômicos que permitem diagnosticar eventuais alterações cardíacas.


Procedimentos realizados:

Cardiologia Intervencionista

Cateterismo Cardíaco diagnóstico

Angioplastia Coronária percutânea

Angioplastia primária no infarto agudo do miocárdio

Valvoplastias pulmonar, aórtica e mitral

Fechamento de comunicações intracardíacas com implante de próteses

Inserção de Balão Intra Aórtico e marca-passo cardíaco

Eletrofisiologia Cardíaca

Estudo Eletrofisiológico

Ablação de arritmias por radiofrequência

TILT TEST






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