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  • Foto do escritorTatiana Geckler

Enxergar o que importa

Um importante órgão para o funcionamento do corpo é o cérebro. Sabia que ele automatiza algumas coisas que fazemos para nos poupar energia e assim darmos espaço para aprendermos coisas novas?

 

Quando aprendemos a ler e escrever, passamos por todo um processo até conseguirmos fazer de modo automático. Para aprender a dirigir, também passamos por um processo: abre a porta, entra no carro, coloca a chave na ignição, ajeita os retrovisores, pisa na embreagem, coloca em ponto morto, liga o carro etc.. Depois de muito treino, fazemos tudo a ponto de não percebermos que estamos fazendo um montão de coisas ao mesmo tempo.

 

Tem gente que até diz que o carro já sabe o caminho de cor. No dia a dia, segundo alguns estudiosos, mais de 40% das nossas ações cotidianas são automáticas, realizadas de modo inconsciente. É uma forma de o cérebro não se esforçar tanto para decidir assuntos rotineiros. Imagina se o nosso cérebro não fizesse isso por nós, perderíamos muito tempo fazendo cada coisinha e ficaríamos exaustos. Portanto, na correria do dia, com tantos afazeres, esquecemos da importância do olhar.

 

Se eu te perguntar quais são as cores das casas dos seus vizinhos, provavelmente terá dificuldade em responder. Mas, tem quanto tempo mesmo que você mora nesta rua? E aquele novo trajeto que você tem que fazer, diariamente, porque a obra não terminou? Aquele buraco na rua o qual você se desvia diariamente; o entulho que está na esquina há mais de um ano e a parede da sua casa que precisa de manutenção; você se acostumou e já nem os enxerga mais? E aquela pessoa que sempre foi presente, ativa, colaboradora, alegre e que de repente tomou um chá de sumiço, será que ela mudou de repente ou está acontecendo algo com ela? E quanto às nossas emoções, estão tão guardadas, reprimidas, que nem sabemos mais identificá-las?

 

O "engole o choro" está automatizado que as lágrimas secaram? Será que estamos vivendo tão no piloto automático que o essencial está difícil de enxergar ou já não importa mais?

 

Enfim, será que eu fechei a porta da casa?

 

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