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Foto do escritorLetícia Barros

Faça pressão


“O homem que lisonjeia o seu próximo arma uma rede aos seus passos” é um ditado judeu, atribuído ao rei Salomão. Cercado de poder, riqueza, fama e súditos, o imperador parece ter propriedade ao expor essa realidade. O ensinamento está no livro de Provérbios (29:5), da Bíblia, e remete aos interesseiros. Pessoas capazes de forjar um caráter sóbrio, mas, que no interior desejam sugar aquilo que desejam do outro, nem que para isso tenham que fingir admiração, respeito e lealdade.


A receita para combinar bem com alguém é elogiá-lo, agradar o ego da pessoa. Por isso, a bajulação é uma das armas mais usadas por pessoas mal intencionadas, principalmente, quando o alvo delas é o poder. O caminho ideal para manipular líderes e gestores é estar ao lado deles, com palavras agradáveis. Você teria coragem de suspeitar de pessoas que te ajudam e que estão sempre ali por você, principalmente, te encorajando com palavras?


Caso a resposta seja não... sendo você um líder, com poder de decisão, principalmente ligado ao dinheiro, cuidado, seus inimigos podem estar sorrindo com você. Por isso o provérbio adverte. A pessoa que te lisonjeia tem o poder automático de controlar seus passos, pois o ego sempre dá ouvidos ao apelo emocional. Os psicopatas são mestres em agradar, e líderes poderosos são alvos certos para essa classe de pessoas.


Sim. O dilema é terrível, pois, encorajar, elogiar e agradar também é ofício dos verdadeiros amigos. Coisa de joio e trigo. É preciso destreza para separar, mesmo assim, com risco. Além disso, engana-se quem pensa que apenas os ícones são alvejados por interesseiros. O povo é o maior poder de uma nação. Então, alguns mal intencionados estão do lado do comando, tecendo conversas que lisonjeiam a população, mas, que no íntimo, apenas enganam para alcançar poder.


Para emparedar as pessoas mal intencionadas e tirar o poder de atuação delas, existe uma solução. O líder e o povo precisam viver sob princípios. Claro, baseados em fundamentos que não o próprio interesse. Não ceda quando a proposta estiver fora dos princípios. Quando a boca fala, mas a ação é diferente, a atitude que revela a verdade. Não o oposto. Por exemplo: quando um líder dá uma ordem direta, o princípio da autoridade diz que ela deve ser cumprida. Ao recusar a execução da ordem, o liderado já não cumpre o papel, ele deve estar fora da sua linha de proximidade de confiança.


Não é uma questão de ser endurecido com o outro ou de ter os ouvidos fechados para conselho. Quando há uma ligação de aliança, cuja confiança é primordial, pressuposto está que as pessoas ao lado do líder estão na mesma missão. Ou seja, caso exista um momento em que um e outro discordem entre si, ao ponto de o liderado decidir enfrentar o líder, confrontando a autoridade dele, significa que este, uma hora, vai tomar o lugar de liderança, ou mesmo, trair a pessoa no comando, ou mesmo, iniciou a missão com o objetivo de ter o poder e não de contribuir para a missão.


No caso do poder público, o próprio nome indica: numa democracia, o poder é da população. Um dos primeiros direitos do cidadão é o voto. O outro é o de acompanhar o trabalho dos eleitos. A política atual está sob a premissa da transparência, ou seja, deve seguir os princípios da equidade, da igualdade, da liberdade, entre outros; padrões e regras especificadas para cada setor público.


Por exemplo: a participação popular é garantia constitucional nas áreas de seguridade social, educação, entre outras. Por isso, normalmente existem vários conselhos em um único município, pois cada um trata de uma área diferente do interesse público, como: educação, saúde, infância e juventude, direitos da mulher, mobilidade urbana, meio ambiente, entre outras.


As principais funções dos conselhos municipais são propor diretrizes das políticas públicas e fiscalização, controlar e deliberar sobre tais políticas. Muitas vezes, é o conselho municipal de cada área que aprovará uma lei ou ação que o município queira tomar sobre determinado assunto. Portanto, quando os conselhos existem, a deliberação de novas ações do poder público passa por um grupo composto por representantes da sociedade civil antes de realmente ser implantado. Trata-se de uma influência significativa da sociedade civil sobre as ações do poder público.


Há, também, a previsão de controle de recursos. Por exemplo, na área da saúde, o conselho municipal da área aprova o orçamento previsto para determinado ano. Além disso, gerencia gastos feitos em determinado programa ou ação específica – como, por exemplo, a verba destinada à vacinação emergencial contra a gripe.


Os conselhos, apesar de conter membros que trabalham na prefeitura de sua cidade, deve ter a liberdade de responder por si só. Quando essa liberdade é cerceada, significa que a voz do cidadão está sendo calada. Um sistema ditatorial de perpetuação do poder atua dessa forma, coagindo as pessoas. Seja em troca de favores, sob ameaça ou suborno. Uma bela maneira de entender como sua cidade está sendo governada é observando os conselhos. Caso não sejam idôneos, o problema é sério. É preciso fazer pressão.


A notícia de que todas as associações de bairro de Nova Lima receberam uma subvenção de R$ 30 mil é excelente. E ainda, dezenas de grupos artísticos, de esporte, associações, ONGs, entre outros, também receberam esse valor, parece ser fantástico. Mas, como foi direcionado esse dinheiro após a liberação pelo Poder Público? É a pergunta mais importante. Deve haver um projeto para cada valor investido e uma comprovação da aplicação do recurso. Caso contrário, o investimento, mesmo que tenha sido lícito, tem interesse próprio e prejudica a cidade.


Não que seja o caso de Nova Lima, mas, por exemplo: imagine que outra cidade faça o mesmo que aconteceu aqui. Como é que a associação de bairro, os grupos influentes e beneficiados vão se portar diante de uma gestão pública prejudicial, sendo que receberam um benefício tão substancial em dinheiro. Como um conselheiro poderá se manifestar, sendo que o cargo, ou seja, sustento dele está nas mãos de quem deve ser fiscalizado? São questões profundas, é preciso fazer pressão.


Povo. Não se iluda. O bueiro que se ajuda a entupir é o mesmo que vai te devolver a água da chuva, em forma de enchente. É ano de eleição. Entenda.





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