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  • Foto do escritorLetícia Barros

Imprensa bege - alta traição



Um dos mais influentes canais de comunicação brasileira propôs cumprir o dever cívico de apresentar um debate com os presidenciáveis, nas eleições 2022. A Globo, por meio do Jornal Nacional, alcançou recordes de audiência durante as entrevistas. A emissora de TV, cuja principal atração - a novela Pantanal, arrasta milhões de expectadores que, todos os dias participam do conflito entre os protagonistas Jove e Juma. Morar na tapera ou na fazenda? Dias e dias de enredo sobre o tema. Ponto final, essa é a história.


A paisagem exuberante da região e as tramas de traição e misticismo, com invocação do demo a cada cena, praticamente, também aparecem como âncoras para o público e, de repente, Juma volta para tapera. É engraçado, pois a produção é a segunda edição da novela original de 1990, ou seja, criada há 22 anos. Sucesso absoluto à época, num Brasil provinciano, recém-democratizado, machista, desigual, iletrado e politicamente de vez, verde imaturo. Mas, apaixonado, ingênuo, não tecnológico, frágil, facilmente guiado pelo cabresto ideológico. Mais engraçado ainda é o sucesso repetir-se.


Lembrando que o Brasil tem uma história democrática extremamente curta. Data de 1945 até 1964. A partir de então, os militares tomaram o poder, instituindo a Ditadura Militar, que vigorou até a década de 1980. Após esse período, em 1985, surgiu o que hoje conhecemos como democracia no Brasil. Em 1988 foi promulgada a Constituição Federal, em vigor até os dias de hoje.


Mas, voltando ao Pantanal, não o que o regime militar quis integrar, mas ao da telinha. Dois anos depois que a novela arrebatou milhões de brasileiros, não pela Globo, mas na Rede Manchete, pois o folhetim original era dela... Um assassinato, cujo Jornal Nacional, da Globo, noticiou com postura cinematográfica chocou o país, como dito à época. A atriz mais amada da novela de Corpo e Alma (1992), de Glória Perez, foi morta por seu colega de cena e par romântico. A menina de 22 anos, Daniella Perez, filha da autora, e que interpretava Yasmin, tinha tudo para ser a namoradinha do Brasil, foi sacrificada em um ritual de magia negra.


Essa última informação foi revelada recentemente, 30 anos depois do fato, no documentário Pacto Brutal, cuja mãe da vítima é uma das principais depoentes. Até então, a mídia, inclusive o Jornal Nacional dava a versão de que teria sido um crime passional. Ciúmes da esposa do ator devido a um suposto relacionamento entre os artistas Daniela Perez e Guilherme de Pádua. No entanto, hoje, sabe-se que a vítima foi sacrificada em um ritual macabro. O frenesi construído em cima do crime hediondo colocou a Globo no mapa, no topo, mesmo sem o pilar da verdade.


Apontaram a arma do crime como tesoura, faca... mas, foi um punhal. O laudo indica que a moça morreu por falta de sangue no corpo. Mas, não havia uma gota em lugar algum do crime. Na roupa, no chão, no carro em que foi sequestrada... nada. Algumas versões da mídia contam que ela tinha 18 facadas. Outra, a qual casa com o cenário real, Deniella tinha apenas uma punhalada na região da traqueia, sendo encontrada em um círculo de fogo, que é um espaço preparado e utilizado em rituais satânicos.


O caso ocorreu em 1992, dois anos após Pantanal e obteve audiência e comoção parecidas. O estranho é que hoje, momento em que a novela volta a ser exibia, o caso Daniella Perez vem em formato de documentário da HBO. Outra coincidência é que Juma, interpretada por Cristiana Oliveira em 1990, fez a personagem Paloma, em De Corpo e Alma, onde recebia um transplante de coração. A atriz deu depoimentos emocionados durante a comoção pela morte de Daniella. Aliás, os atores todos, inclusive Guilherme, tiveram palanque.


Mas, nenhum comentou que se tratava de um assassinato em ritual satânico. Não disseram que não haviam 18 facadas... coisa que era sabido por todos, pois a cena do crime foi invadida por dezenas de amigos e colegas de trabalho. O mais inusitado é que o crime foi desvendado em questão de horas, evitando apenas o flagrante. O corpo da atriz foi encontrado seis horas depois do assassinato, cometido às margens da rua???? Sim. Sem ferramentas como celular ou câmeras de segurança, o corpo da vítima foi encontrado sem dificuldades e assassino também, pois, um advogado fotografou dois carros estacionados em um lugar ermo, por achar a cena estranha. Trama de cinema.


Estranho proporcionalmente, Guilherme, o ator assassino, era um michê na vida real, topa tudo por dinheiro e fama, bastante jovem quando foi contratado pela autora, segundo depoimentos. Uma novela que tinha atores fantásticos, os quais estabeleceram fama e riqueza, junto com a Globo e Glória Perez, que superou tudo com muito trabalho. Inclusive, escreveu a novela Explode Coração em 1995, com tema étnico cultural, sobre a vida cigana e depois inseriu a Globo no mundo por meio de O Clone. Outra novela com as mesmas âncoras culturais, danças, música e amores avassaladores, dessa vez no Oriente Médio e o pretexto científico de criar um clone de outro ser humano.


Inexplicavelmente, a cena gravada no dia do assassinato de Daniella foi o término de Yasmin, seu personagem, com o noivo, interpretado por Guilherme de Pádua, o algoz de Daniella. Pasmem, a cena foi ao ar e a autora não interrompeu o trabalho. Continuou escrevendo a trama. Uma força rara, incompreensível, incompatível diante da tragédia vivida.


Mas, o que tem a ver o artigo com a entrevista dos presidenciáveis na Globo? O Pantanal, uma obra maravilhosa para época, reestreia mais de duas décadas depois, sem brilho, sem a energia divisora de águas da Manchete e ainda leva a população ao delírio. As ferramentas? O apelo, o cenário exótico, o sexo explicito, o misticismo satânico em cenas longas e chatas. Falas repetidas diariamente para um público sem argumento crítico para compreender isso.


Para esse público que Renata e Boner apresentaram os candidatos. Pior, utilizaram do imaginário coletivo do “Boa Noite” para fazer acusações sob o pretexto de perguntas sem a interrogação no final, mas sim afirmações grotescas. A vítima? Bolsonaro. Para Ciro Gomes, fizeram o maior palanque. Para Lula, um tribunal de absolvição. Faltou abrir uma cerveja para tomarem juntos. E o povo? Cai, oras!

Os âncoras fizeram 43 interrupções com o Bolsonaro e com Ciro Gomes apenas 11. Para Lula, quase pediam desculpas ao mencionar os crimes de corrupção que Lula chamava de erro. Erro??? O erro precede à inconsciência de que a ação não deveria acontecer. Ciro pôde falar por 30 minutos, livremente. Bolsonaro 24 minutos, aturando o deboche e falta de respeito no tom e nas expressões dos apresentadores. O problema não é ser contra X ou Y. O problema é que esse é um crime contra a nação, ser manipuladora, não ser confiável. É alta traição.


Daqui a pouco, será preciso fazer uma canção sobre a mídia para contar seus feitos, ela vai virar folclore. Cuidado com a mídia, que a mídia te pega. Vai ser dito às crianças que a mídia do saco vai passar, o que vai assustar muita gente! A imprensa marrom já fez sua história. Uma boa maquiagem a tornou bege, essa imprensa que consumimos atualmente.


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