O governo de João Marcelo Dieguez Pereira pode vir a ser conhecido como aquele que destruiu uma área do tamanho de 1.200 campos de futebol dentro do mais importante bioma de Nova Lima, a Serra do Curral. Ele, que usou a história de Davi contra Golias, durante a campanha eleitoral para fazer o papel de herói, realmente, parece estar disposto a derrubar um gigante. No caso, o gigante da serra, uma decisão prejudicial à cidade e toda Grande BH. Transformar em minério a Serra do Curral é moer o coração de cada nova-limense. É irresponsável e imperdoável em última instância.
Ser favorável a esse tipo de iniciativa levanta uma questão séria: a sanidade do Executivo deve ser avaliada. Será mesmo que esse poder está nas mãos corretas? Ele vai validar a destruição de um dos maiores patrimônios de Nova Lima, sem a menor consciência do que a atitude significa para o passado, presente ou futuro de milhares de vidas e gerações. O local é um ponto de desejo antigo das mineradoras e ambientalistas alertam para os impactos perigosos na capital mineira caso mais uma etapa do plano avance nos órgãos.
É muita grana
A Taquaril Mineração S.A - Tamisa - é corporação que pleiteia a exploração da Serra do Curral, sendo que o processo apresenta duas etapas. Na primeira, espera-se extrair 31 milhões de toneladas de minério de ferro ao longo de 13 anos. Já, a segunda fase consiste na lavra de 3 milhões de toneladas de itabirito friável rico. O plano da Tamisa inclui a exploração da Fazenda Ana da Cruz, que fica em Nova Lima, na divisa com a capital e próxima ao Pico Belo Horizonte, ponto mais alto da serra.
O complexo minerário de grande porte a ser instalado inclui lavra a céu aberto de minério de ferro, unidade de tratamento de minerais, com tratamento a seco e úmido, pilhas de rejeito estéril, estradas internas, bacias de contenção de sedimentos, estruturas e prédios administrativos, tudo isso em área com vegetação nativa de Mata Atlântica, classificada como “Área Prioritária para Conservação da Biodiversidade Especial”, ou seja, um negócio inteiramente irregular, criminoso, mas, apoiado pelo prefeito.
MP ajuíza contra prefeitura e Tamisa
Visto o absurdo contido no empreendimento, o Ministério Público de Minas Gerais (MP/MG) ajuizou uma ação contra a Tamisa e a prefeitura de Nova Lima. O MP lembrou ainda que a legislação municipal, por meio do Plano Diretor, proíbe a atividade de mineração na região. Mesmo assim, a prefeitura de Nova Lima atestou a conformidade do projeto no dia 15 de fevereiro deste ano. Na ação, o órgão pede para que a Justiça suspenda a instalação da mineradora na Serra do Curral e a prefeitura de Nova Lima informou que prestará esclarecimentos necessários na Justiça.
Renovação...
É importante lembrar que a renovação prometida pelo governo eleito em 2020 não incluía a venda do município, mas parece que sim. Antes de eleger os representantes legais da população, é preciso observar quem são os apoiadores dessa pessoa. Muitos nova-limenses não perceberam de onde veio e de que forma chegou o apoio do atual prefeito durante a campanha. Quem ajuda, no mínimo tem interesses comuns com o ajudado. Sem mencionar que, no segundo ano de mandato, o prefeito não seguiu em nada o governo anterior, de 2017, que foi o trampolim para que ele chegasse ao poder.
As redes sociais comprovam que nenhuma oportunidade de aparecer ao lado do ex-prefeito foi deixada de lado. Mas, assim que eleito, em nada lembrou o governo que consertou Nova Lima do desastroso governo do PT. A ligação partidária não é a mesma, mas, o modus operandis sim. Só olhar para o lado, para exploração imobiliária ocorrida nos morros de Nova Lima e perceber. Porém, dessa vez, a quantia que sairá da Serra do Curral será exponencialmente maior. Bela cartada. Tinha um “2”, trucou, fez o Poker Face para o nova-limense ver e levou. O Davi está mais para Judas, o tempo revelou.
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