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  • Foto do escritorLetícia Barros

O amor do ego é o poder


O poder e o ego não são matérias ou substâncias possíveis de serem medidas ou contabilizadas pelo experimento, conforme prega a ciência, mas, eles existem e se manifestam de forma concreta nas atitudes humanas, de grupos ou indivíduos. Ironicamente, o saber científico, essencialmente técnico, nasce em conjunto ou em decorrência de um período histórico chamado humanismo, no século XIV, o qual privilegiou o ego e colocou o homem no centro do “universo”, rompendo com o mundo dito antigo, ou seja, com o psicológico cultural anterior, inaugurando o chamado mundo moderno.


Aqui, no ambiente social vivido hoje, a realidade o é quando comprovada cientificamente, de forma material e por meio do experimento, mas, esse conceito absoluto, que define a “realidade” brota da imensurável rede do ego. Engraçado, né? É como considerar cegamente a existência de algo, por exemplo, de uma rosa, sendo que a rosa contradiz o seu berço, sua origem, o jardim. Ou seja, os mecanismos da rosa, sua cor, seu aspecto, seu funcionamento, contradizem, renegam, a terra que, não somente a deu vida, mas, principalmente, à sustenta.


Dessa forma, por não coabitar no ramo do experimento, o ego, não é tratado objetivamente, de forma sistemática. Ele impera subjetivamente nas ideias e sentimentos, mas, sua concretude provoca os maiores conflitos da humanidade. A força do “eu” é tão feroz que rege desde as inimizades entre vizinhos até as guerras mais sangrentas, sendo o objeto de desejo do ego, de sua devoção e amor, o poder. O poder comprar algo, o poder dar a vida, o poder administrar uma nação, o poder casar-se em um sítio, o poder escolher a profissão, o poder dominar povos, o poder.


Você já se sentiu infeliz por não poder comprar uma barra de chocolate? Você tem pão, tem ovo, tem banana, mas, o fato de não sobrar o dinheiro para um chocolate, ou um ovo de Páscoa X ou Y, isso frustra. Por quê? As pessoas não querem ter, o ser humano deseja, por meio do ego, o poder ter, ser, sonhar, mesmo que aquilo fique lá encostado no armário, na cômoda, no guarda-roupa, por anos. O amor do ego é o poder.


Caso esse fosse um experimento científico, as relações humanas, dentro de uma sala de aula, por exemplo, sinalizariam os rumos políticos de uma cidade, de um estado ou de uma nação. Pois, o grupo de alunos é uma amostra, um extrato social, a bússola. Ora, a política não é nada mais do que um mecanismo para organizar as relações de trabalho, lazer, familiares, de mercado, de produção, saúde, educação, etc.. Nessa mistura, a gente só não conta o ego. Política não é votar, pronto acabou, é relacionamento, sendo que os grupos políticos têm interesses que obedecem ao ego do grupo, o qual é formado por pessoas, cada uma com seu “eu”, entende?


O ego de alguns grupos políticos são maduros, equilibrados, sensatos, competentes. Outros são o inverso, para pior. No primeiro caso, a vida acontece. No segundo, a sociedade desmorona. Não é porque existe uma lei que rege a instituição democrática do poder que, de forma automática, a máquina vai funcionar. O ego ou a junção de muitos deles, está lá, sendo que a perpetuação no poder é o foco.


O ego não é moderno, é tão antigo quanto o ser. Dentro dos modelos de governo do passado, ele existiu livremente. Modelos tribais, monárquicos, ditatoriais, democráticos, socialistas, comunistas, etc.. Nas relações de grupos também, dentro dos modelos matriarcais, patriarcais, religiosos, enfim, em cada centímetro do tecido humano/social. Causou vida e morte. Casamentos e assassinatos. Guerra e paz. Sempre silencioso à percepção humana, mas, inerente a ela.


Mudaram-se os regimes de governança, as estruturas e modelos culturais, derribou-se e construiu-se muros, padrões, relações livres, escravas, serviçais, feministas e machistas, homem e mulher, divórcio e casamento de dois, duas, três, de cores diferentes, de classes diferentes ou iguais, tentou-se de tudo, mas, o gerador de conflitos, esse, não foi exposto. O ego. Na verdade, ele não é de todo mal, mas, é tão forte que dói, é tão fraco que se estabelece na sensação de poder, e isso, faz toda diferença.


Bom, mas por que dialogar sobre algo intangível como ego? A razão ensina a desprezar assuntos semelhantes, principalmente quando se fala de política, uma entidade ilibada pela lei, que, por sua vez é uma seara tão exata quanto a matemática. A resposta vem em forma de pergunta. Por que a cada quatro anos, dentro dos regimes democráticos do mundo, a troca de cadeiras nas prefeituras, nos governos estaduais e municipais promovem uma desconstrução das conquistas anteriores, de forma arbitrária? É como despejar ouro refinado em saquitel furado. O ego, em busca de perpetuação no poder.


É hora de abrir os olhos a respeito. O bem social deve ser o leme do barco que conduz a população, não o desejo pelo controle. Isso se resolve no ego, do eleito e do eleitorado. Nada de ceder ao primeiro boa-praça que chega inflando seu íntimo. Administração pública não é uma ação de ordem pessoal, é uma conduta inteligente, sem mimimi. Nesse quesito, é preciso tanto para quem elege, quanto quem assume o cargo... amadurecer ou, em alguns casos, criar o bom caráter.


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