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Foto do escritorTatiana Geckler

Você decide o final


Era um caminho não visto antes. Uma paisagem exuberante. A estrada era estreita e tinha uma areia fininha e muito branquinha. Ao lado, margeava um córrego com água cristalina, num tom de azul maravilhoso. O dia estava perfeito, Céu muito azul e um Sol não muito quente. O caminho era tão lindo, que a vontade era de correr porque certamente na linha de chegada deveria encontrar algo extraordinário. Por hora, ela corria entusiasmada, mas o caminho parecia infinito. Não sentia cansaço, pois tudo era belo e encantador. A tarde foi chegando, o Sol se pondo e o cenário ficou com o Céu em tons de rosa e vermelho que mais parecia uma obra de arte de Deus, demonstrando todo o Seu amor. Ela estava feliz fazendo o seu trajeto, pois as sensações com aquelas vivências eram as melhores possíveis. De repente, com a chegada da noite, ela sentiu um frio na barriga e pensamentos estranhos começaram a tomar conta do seu ser. Está anoitecendo; cada vez que eu ando, mais o caminho parece aumentar; estou sozinha; e se aparecer alguém e me fizer mal? Tenho medo de bichos; não quero me machucar. E depois, como irei voltar se estou deixando tudo para traz? Estou com frio! E se minha comida acabar? Estou com muito medo... Seu coração disparou, a respiração ficou ofegante, sua boca seca, começou a tremer e ela então decidiu voltar correndo. Sequer pensou que poderia encontrar alguém para ajudá-la ou continuar a apreciar a paisagem que a cada instante modificava e assim contemplar as estrelas, a Lua e o silêncio da noite. Interessante que o caminho da volta sempre parece ser bem mais rápido que o da ida. Ao voltar no local de partida, viu uma aglomeração de pessoas e respirou aliviada pensando: Ufa, aqui estou segura! No meio das pessoas, encontrou uma idosa e como sempre gosta de conhecer gente nova, conversar com pessoas experientes e, achando tudo estranho, resolveu puxar conversa, para entender mais sobre aquele destino. A resposta que recebeu foi surpreendente: Ah, minha filha! É um belo caminho... Todos que aqui estão tiveram oportunidade de segui-lo, mas não sei o que acontece, pois chega uma hora que o medo domina e a maioria volta para o local de origem. Comigo mesmo aconteceu isso. Mas, a beleza da paisagem vista no dia de hoje, é algo raro de se repetir. O que tenho certeza é: quem teve coragem e seguiu o caminho, nunca quis voltar. Hoje, arrependo de ter voltado, pois aqui permaneci a vida toda a observar as pessoas. Tenho muita curiosidade de saber para onde esse caminho leva, mas já estou muito idosa e não aguento mais andar. Uma coisa é certa, ali não pode nenhum tipo de transporte e não tem atalho. O caminho tem que ser vivido... Ela então cansada, meio triste e cabisbaixa se despede da senhora, senta no meio fio e começa a refletir: Será por causa das minhas crenças limitantes e pensamentos sabotadores que eu recuei e desisti do meu sonho de fazer a travessia? Pegou o celular e fez uma pesquisa na internet sobre medo e descobriu que o mesmo é gerado a partir de uma sensação real ou imaginária de perigo ou falta de controle em determinada situação e ao ser estimulado ele deixa a pessoa em estado de alerta, pois libera alguns hormônios como adrenalina, noradrelina e cortisol que geram reações involuntárias no organismo e levam à conhecida reação de luta ou fuga, visto que o medo está associado ao instinto de sobrevivência.

Continuou a refletir e se questionar como têm lidado com os seus medos e o que de fato era real e imaginário. Avaliou o seu círculo de amizades e se as pessoas estavam a puxá-la para frente ou para trás. Avaliou também se estava traçando metas fáceis de serem atingidas ou precisava se desafiar mais. Ficou arrependida por ter desistido, mas logo resolveu ressignificar o ocorrido, pois compreendeu que algumas oportunidades são raras e o tempo passa rápido. Decidiu, portanto, retomar a estrada no dia seguinte, mas com uma postura mais positiva e certeza de que tudo daria certo. Percebeu que precisava ter coragem, firmeza no propósito e fé para conseguir vencer a jornada. Constatou que poderia cair e machucar durante o percurso, mas os aprendizados e vivências seriam extraordinários e iriam contribuir para o seu crescimento. Chegou à conclusão que o importante é viver e ser feliz no caminho. Mas, mesmo assim o frio na barriga continuou... Será que ela realmente retomará o caminho? Se você tivesse a oportunidade de encontrá-la, qual conselho daria? E se fosse com você, qual seria a sua decisão, retomar o caminho em busca do seu sonho, mesmo sabendo que poderia ter que enfrentar algumas tempestades ou permanecer segura e confortável aonde está?

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